(Continuação do texto “Depressão: a doença invisível”)
Não lembro como fui parar no consultório da primeira psicóloga – se por iniciativa minha ou do meu pai. Eu devia ter uns 13 anos. Era muito desconfortável ficar diante de uma desconhecida muda, de olhar penetrante e perscrutador, procurando sondar minha alma em busca de algo que eu mesma desconhecia. Na verdade, uma tortura. Para mim, nada era mais difícil do que me relacionar e me comunicar. E agora lá estava eu, tentando essa façanha duas vezes por semana. Mais do que eu podia (ou achava que podia) suportar. Em poucos meses, me dei alta.
A próxima tentativa durou mais tempo. Psicóloga diferente, situação semelhante. Continuava parecendo impossível iniciar um diálogo (pior, monólogo), organizar os pensamentos, dizer frases conexas e coerentes. E de onde vinha todo aquele choro? Não fazia sentido pagar alguém para ficar me assistindo enquanto eu tentava abrir a boca. Não sei o que era pior: ficar muda ou chorar compulsivamente por uma hora. O choro pelo menos aliviava. Mas pagar alguém para me ver chorar era demais pra mim. Os minutos não passavam. Frustrante e doloroso. Mas aos poucos fui reaprendendo a falar. Aí, o difícil era a insegurança de me expor. Enfim, após quase um ano, me dei alta de novo.
Não lembro o que eu ou elas falamos. Só sei que ter alguém para me ouvir pela primeira vez na vida foi um enorme alívio. Melhorei um pouco, mas não o suficiente. Continuei não entendendo meu problema. Diz minha ex-terapeuta que havia me dado o diagnóstico de depressão na época, mas só lembro de ter começado a entender isso depois, ao assistir a uma palestra de outra psicóloga. Só hoje descobri também que ela considerava meu caso tão grave que pensou que seria necessária internação.
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Apesar da melhora, foi apenas uns três anos depois que veio a reviravolta (leia aqui um resumo). Para a psicologia, um típico caso de resiliência, segundo palavras da minha ex-terapeuta. Para mim, milagre divino. Foi com a “terapia divina” que comecei a experimentar paz e alegria verdadeiras pela primeira vez na vida. Mal sabia eu que a cura completa ainda estava muito distante.
Naquela época, eu achava que a causa da depressão estava relacionada com infelicidade e, portanto, apenas com os aspectos emocional e espiritual, como muitos acreditam. Até ela me surpreender nos dois momentos mais felizes da minha vida…
(Em breve, continuação…)