Quando minha primeira filha nasceu eu já era vegetariana. Precisei viver o que acreditava para proporcionar aos meus filhos a melhor alimentação. Meu objetivo, ao buscar uma alimentação saudável em casa, foi promover bons hábitos alimentares para toda a vida, buscando mais saúde e domínio próprio (como parte do processo educativo para este mundo e para o que aguardamos).
“Os pais devem educar o apetite dos filhos, não lhes permitindo também comerem coisas que prejudiquem a saúde. Mas, no esforço de regularizar-lhes a alimentação, devemos ser cuidadosos em não exigir dos filhos que comam coisas desagradáveis ao paladar, nem mais do que necessitam. As crianças têm direitos, têm preferências, e quando estas sejam razoáveis, devem ser respeitadas…”. (Ellen White, Conselhos sobre Regime Alimentar, p. 230)
Nunca coloquei carne no prato de meus filhos porque creio que o Criador fez o ser humano vegetariano. Para mim o vegetarianismo traz mais saúde e longevidade (clique aqui e veja a matéria sobre os moradores de Loma Linda) e uma mente mais lúcida e sensível à voz de Deus. Busco também evitar os doces, prefiro sempre os alimentos frescos e caseiros, e as frituras são raridades em minha casa. Nunca ofereci refrigerantes aos meus filhos. Aliás, não se trata apenas de uma opinião pessoal. Os estudos científicos têm mostrado os benefícios da dieta vegetariana, dos alimentos naturais e frescos. Sempre ofereço alimentos agradáveis aos olhos e ao paladar. Nada de comida insossa e sem graça por aqui.
Felizmente, e com a bênção de Deus, meus filhos se alimentam muito bem, mas recentemente tive uma experiência que me deixou um tanto triste.
No final de janeiro, minha filha mais velha começou a frequentar a escola. Todo dia preparava o lanche dela, dando preferência aos alimentos saudáveis, sem salgadinhos ou refrigerantes. Logo fomos convidados para a reunião de pais e mestres. Cheguei ao local muito feliz, curiosa para conhecer melhor a professora de minha filha. Dentre vários assuntos perguntei para a professora como era a alimentação dos alunos, nos lanches diários e nas festinhas. A professora me respondeu que esse assunto compete apenas a decisão dos pais, que a escola não podia impor regras sobre o que os pais mandavam nas lancheiras. Ela inclusive me disse que tinha aluno que levava refrigerante diariamente. Eu fiquei de boca aberta por se tratar de uma classe com crianças de 3 e 4 anos.
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Transferi minha filha para outra escola, não apenas por este motivo, e tive a oportunidade de ter uma última conversa com a antiga diretora. Expliquei que acredito na educação infantil, e que os bons hábitos de alimentação devem ser cultivados diariamente, pois as crianças estão em formação. Se o problema é conscientizar os pais, que tal abordar temas atuais como a obesidade infantil e o diabetes? Que tal trabalhar em parceria com estes pais e ajudá-los na mudança de hábitos? Por que escolher o caminho mais fácil, o da omissão?
Acho ótimo ter uma cantina saudável, como é a da escola que minha filha frequentava, mas a realidade é que poucos alunos da educação infantil a utilizavam. A maioria levava lanche de casa com refrigerantes, salgadinhos e chocolates, que não são alimentos de verdade. São produtos cheios de gorduras, açúcares refinados, sódio em excesso e muitos aditivos químicos.
Você já ouviu falar do chef e apresentador britânico Jamie Oliver? (clique aqui e veja uma matéria sobre ele) Além de chef, é pai de 4 filhos. Ele tem feito nas escolas americanas um projeto de melhoria dos lanches, propondo uma culinária a partir de alimentos frescos. Apesar de enfrentar grandes batalhas com gestores, funcionários e alunos das escolas, o trabalho de Jamie Oliver tem alcançado resultados magníficos, pois uma alimentação saudável reduz o índice de obesidade, diabetes, colesterol e tantas outras doenças. Uma pena apenas o Jamie não ser vegetariano.
Aqui em São Paulo temos escolas com bons projetos que estimulam a alimentação saudável. Na atual escola dos meus filhos, a alimentação é bem razoável. Caso eles precisem almoçar, apenas peço para retirarem a carne do cardápio, sem precisar colocar outra proteína no lugar, já que as refeições são muito balanceadas. Os lanches são de responsabilidade dos pais, mas os mestres orientam sobre os benefícios dos alimentos saudáveis. Balas e pirulitos são proibidos. As crianças aprendem horticultura e culinária. As aulas ensinam sobre os alimentos naturais, como prepará-los e sua importância para a saúde.
Visitei outras escolas que proibiam refrigerantes e chocolates. Soube de outras que fazem o dia da fruta. Cada aluno leva uma fruta num determinado dia da semana e a escola prepara uma salada de frutas. As crianças são incentivadas a perceberem a variedade de cores, aromas e sabores.
Recentemente, assisti um vídeo (clique aqui para ver) que mostra uma creche sustentável e vegetariana no Brasil. Achei incrível, pois tenho um sonho acalentado no fundinho do coração de ter uma escola assim, no futuro, mas com a filosofia adventista.
A reflexão que gostaria de deixar é para os pais, administradores e professores. Como tem sido a alimentação das crianças nas escolas, ou que tipo de lanche vocês colocam nas lancheiras de seus filhos? Vocês têm encontrado escolas parceiras na construção dos bons hábitos alimentares?
Eu apelo para que todos os adultos se comprometam com a alimentação das crianças que estão sob suas responsabilidades. As crianças de hoje serão adultos no futuro, e levarão os hábitos construídos para a vida toda.
Incluam o viver saudável nos projetos desenvolvidos pela escola, troquem informações e experiências, sejam parceiros, promovam a conscientização através de palestras, grupos de apoio, cursos e oficinas de culinária e horticultura.
O planeta e as crianças agradecem!
No próximo artigo, darei dicas de como preparar uma lancheira saudável e saborosa. Aguardem!
Por Vanessa Rosa – Dia a dia: uma mãe vegetariana