Há sempre muita polêmica entorno do assunto: podemos ou não tomar líquidos com a comida? Ou melhor, poder todos podem, a questão é: se devemos.
Primeiro, temos que saber o que acontece em nosso organismo quando ingerimos líquidos com a comida. Sempre o conhecimento sobre o assunto que estamos questionando é imprescindível. Sem ele, como saberemos decidir, no caso, se devemos ou não tomar líquidos com a refeição. Após sabermos, então teremos condições de optar pela atitude correta para não prejudicar nosso organismo e, consequentemente termos boa saúde.
A digestão é o processo que transforma moléculas de tamanho grande, por hidrólise enzimática, que libera unidade menor que possam ser absorvidas e utilizadas pelas células. Neste processo as proteínas, gorduras e carboidratos são desdobrados em aminoácidos, ácidos graxos, glicerol, glicose e outros monossacarídeos.
A digestão, de certa forma, começa na boca. A língua e os dentes, através da mastigação, reduzem os alimentos em pequenos pedaços e junto com a saliva facilitará a futura ação das enzimas. A presença do alimento, na boca, estimula as glândulas salivares a secretar saliva, esta contém a enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias. A saliva também tem a função de ajudar o alimento a escorregar pelo sistema digestório, ela tem secreção levemente alcalina que junto com sais de glicoproteinas, mucinas são lubrificantes e, água, além de possuírem ação de anticorpos. Outra enzima super importante, presente na saliva é a lisozima que quebra a mureína (parte das paredes das bactérias). A mastigação é muito importante, pois a água ou o suco, não contém essas substâncias.
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Pode ser que haja pessoas que têm uma disfunção de não produzir saliva, seja por estarem fazendo algum tratamento quimioterápico/ radioterápico e, também devido ao uso de alguns medicamentos para tratamento da depressão. Essas pessoas produzem pouca saliva o que é resolvido, nestes casos, consumindo um pouquinho de líquido durante a refeição, para facilitar o processo da digestão. Há alguns casos que é necessário, quando estão associada a alguma doença de deglutição ou o uso de medicações que reduzem a salivação. Então,mastigar bem os alimentos, pois além de produzir saliva ainda ajuda o transporte do alimento para o estomago.
A língua empurra o alimento em direção à garganta, para se engolido, mastigamos o alimento, este é o primeiro processo, logo em seguida o alimento passa pela faringe e esôfago e no estômago acontece à digestão. No estômago, temos o suco gástrico, que é imprescindível para a digestão.
O ácido clorídrico, responsável por manter baixo o PH do estômago, otimiza a absorção de ferro, cálcio, piridoxina, zinco, entre outras vitaminas/minerais, utilizadas em diversas reações bioquímicas. A pepsina e renina são entre outras substâncias do suco gástrico. A renina é uma enzima que age sobre a caseína, uma das principais proteínas do leite e é produzida no estômago durante os primeiros meses de vida.
As células da mucosa estomacal, apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico devido a este fato, a mucosa esta sempre e continuamente em processo de regeneração. Possivelmente este acontece a cada três dias.
O alimento pode permanecer no estômago até quatro horas ou mais, e se mistura ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal. O bolo alimentar transforma-se em uma massa acidificada e semilíquida, o quimo. Então, passa por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado para o intestino delgado, onde ocorre a parte mais importante da digestão. O intestino delgado é uma parte do tubo digestivo que começa no estômago e vai até o intestino grosso.
Devido o alimento ficar quatro horas ou mais no estomago até que se complete a digestão, conclui-se que para que a digestão se complete não é interessante alimentar-se novamente, antes deste processo concluído. Há muita controvérsia sobre este assunto, alguns defendem alimentar-se de três em três horas, porém o bom senso e o respeito à natureza, que é perfeita; é respeitar nosso corpo, ou seja, permitir que ele funcione dentro de sua programação.
Esclarecendo então a questão de não ser aconselhável tomar líquido junto às refeições; é devido ao fato que o líquido dilui o suco gástrico do estômago. O suco gástrico é formado por ácido clorídrico, enzima digestiva – pepsinogênio/pepsina, muco gástrico e fator intrínseco. O ácido clorídrico tem a função de reduzir o pH do estômago, para deixá-lo mais ácido, para que a enzima digestiva seja convertida de pepsinogênio (desativada) para pepsina (ativada). A pepsina é a enzima responsável pela quebra das proteínas. O muco serve para proteger o estômago da ação do ácido e da pepsina, e o fator intrínseco serve para formar um complexo com a vitamina B12 para que esta possa ser absorvida.
Concluindo: Ao bebermos muito líquido durante as refeições, a digestão fica prejudicada, pois o suco gástrico fica diluído causando o aumento pH, então o corpo tem que aumentar seu trabalho para produzir mais ácido para o pH baixar e ativar o pepsinogênio e completar a digestão. A diluição, portanto do ácido clorídrico, durante uma refeição, com grande quantidade de líquido, favorece uma menor eficiência na absorção de vitaminas/minerais e um déficit clorido-péptico. Contribuindo com a má digestão proteica e para a ocorrência de sintomatologias digestivas; como a distensão abdominal, diarreia/constipação e sensação de plenitude gástrica.Enfim, ao não respeitarmos esta “regra” além dos inconvenientes citados, teremos aquela sensação de cansaço/indisposição.
Interessante que se há excesso de líquido no estômago além de dificultar a digestão pode levar também à gastrite, além de causar gases e flatulências.
Outro cuidado é não tomar líquido antes ou logo após a refeição devido à explicação acima e seria o mesmo que se tomássemos durante a mesma, pois a comida ainda está no estômago. O intervalo entre o consumo de líquido e a refeição deve ser: antes +/- 30 minutos e após +/- 60 minutos ou mais.
Caso não seja possível abandonar o hábito de tomar líquido às refeições, devemos lembrar sempre que; o excesso de líquido prejudica a absorção de alguns nutrientes. E, o suco natural ou água em pequena quantidade, no máximo 200 ml, é preferível ao refrigerante, que possuem gases, dilatam o estômago e, todos os malefícios à saúde, de qualquer líquido que não seja natural.
Se quisermos ter boa saúde devemos cuidar para que ela seja uma realidade em nossa vida, e com certeza, na maioria das vezes, nossos maus hábitos alimentares são responsáveis por uma boa parcela das doenças, que por ora ou outra nos afligem, nos debilitam.
Fonte: Lobato, Vanessa. Nutricionista Esportiva.